Sobre o Grupo:

Nós, alunos do 2° ano do Ensino Médio do Colégio de Aplicação, estamos aqui para apresentar e divulgar nossas produções textuais e artisticas realizadas nas aulas de Língua Portuguesa com a professora Rachel neste ano de 2013, como se fosse um portfólio da disciplina num blog. Além de informações, bastante entretenimento. Agora, podem desfrutar das obras-primas.

domingo, 24 de novembro de 2013

Ocupação Contestado - São José - Grande Florianópolis

Em uma das ultimas aulas de português do ano, tivemos a oportunidade de conversar com um membro das brigadas populares e com duas moradores da ocupação contestado. Foi uma experiência super enriquecedora, pois pudemos sair da realidade burguesa, da qual praticamente todos os aluno vivem, para vermos como é o mundo real.

Primeiramente o integrante das brigadas explicou como funciona a ocupação, e as moradoras também falaram sobre isso, nos retratando como é a vida na ocupação e todo o processo até ocupar o contestado, de antes da ocupação, das promessas eleitorais até o que está acontecendo atualmente. Depois de toda uma contextualização de como é a vida na ocupação, foram abertas as perguntas, e a partir daí começou o dialogo entre a turma e eles. Neste momento, ele nos mostrou um dado sobre o “minha casa minha vida” que praticamente não atende as classes mais baixas, pois é focado em quem tem condições de pagar o financiamento, para que as construtoras privadas possam enriquecer cada dia mais.

A ida deles em nossa turma foi muito proveitosa e uma excelente fonte de conteúdos, o unido adendo que podemos fazer é da postura de algumas pessoas da turma que não se comportam adequadamente para um assunto tão serio como tal, desde dormir em aula, conversas e, o pior, não pararem de mexer no celular. Isso acontece porque todos nós usufruímos dos benefícios que a sociedade burguesa nos oferece, fazendo com que uma boa parte dos alunos não liguem para causas sociais tão importantes.

“A ditadura perfeita, pois tem as aparências da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor a sua escravidão”-Aldous Huxley.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Um amor diferente


Lá estávamos perdidos e sozinhos. Com fome, frio e machucados. Eu e minha irmã Rudy caminhávamos perto um do outro para não nos perdermos. Era tudo muito escuro e assustador, com barulhos que nos faziam estremecer. A cada susto era um aperto em nossos corações.
Desde pequeno eu, Thalles, cuidei da minha irmã como se fosse minha vida, ela era a única coisa que me restava de nossa terrível história de perda.
Quando ficamos órfãos, morávamos em um orfanato de uma senhora. Certo dia minha irmã perdeu o juízo, querendo até cometer suicídio, e queria sair de um jeito ou de outro daquela “prisão”. Ela planejava uma fuga, e como sou seu irmão e a amo muito, resolvi ajudá-la.
Ela tinha 15 anos e eu 17. A liberdade nos deu o direito de sonhar. Foi aí que comecei a perceber “o que é paixão?”, como sentir naturalmente. De uma forma muito diferente, posso dizer-lhe.
Onde eu saberia que iria ter um desejo tão louco por uma pessoa que é do meu próprio sangue, estava ficando maluco, perdendo a noção das coisas. Talvez estivesse alucinado por um corpo que eu já conhecia, onde eu já sabia como “interpretá-lo” e cuidar do mesmo.
O corpo de Rudy possuía muitos arranhões por causa de alguns imprevistos na floresta (como animais ameaçadores). E a cada dia sangrava mais, colorindo a sua pele pálida como a luz do luar. Tão clara e fria quanto se possa imaginar. O sangue parecia desenhar ao escorrer por sua pele. Ao contrário da minha, sempre tão escura e quente. Ao tocar minha irmã, encontrávamos pequenos choques térmicos enlouquecedores.  Não sabia ao certo o que ela sentia por mim, se era apenas amor fraterno. Eu só sabia de apenas uma coisa: queria ela para mim, de qualquer jeito.
Ao anoitecer, um crepúsculo belo nos mostrava um retrato da paisagem, na qual admirávamos com os olhos bem atentos. Rudy adormeceu, com apenas uma camisa toda desgastada e cheia de rasgos, e uma roupa íntima tentadora que exalava a cor do sangue que saía de seus machucados. Comecei a acariciá-la e beijá-la com delicadeza para não acordá-la. Acabei dormindo logo em seguida, muito cansado do longo dia.
Ao acordar, sentia algo frio a passar pelo meu corpo, me excitava tanta delicadeza, tentava continuar a dormir para essa sensação não acabar. Quando olhei pelo canto de meus olhos, enxerguei Rudy me dando um beijo no rosto de “bom dia”. Por muito pouco, eu não a agarro.
Enquanto o dia se passava, eu a admirava cada vez mais, não tinha olhos para mais nada. E assim ela ficava linda, as vezes, eu até tentava conseguir um olhar. Olhos castanhos, comuns para alguns, mas eu achava uma combinação perfeita. Possuía também uma cicatriz ao lado do rosto que era disfarçada com seus longos cabelos negros.
De noite, a floresta em que estávamos, ficava úmida e obscura. Minha irmã estava a tomar seu banho no lago, enquanto eu preparava a comida e os itens necessários para sobrevivência. Quando terminei, percebia demora dela. Fui ver o que teria acontecido, não quero que nada de mal a aconteça.
Passando pela trilha, olhei pelo meio da mata, alta e densa. Ufa, ela ainda estava tomando seu banho. Estava me chamando também, fiquei confuso. Tirei minhas roupas, uma peça por vez, e entrei na água morna do lago. Ela é linda, era e estava maravilhosa, e isso me excitava cada vez mais.
Quando cheguei a ela, meu coração disparou. Segurei-a firme e forte, sem medo do que esta garota poderia me fazer. Tirei-lhe um longo beijo, o melhor e mais belo de todos. Percebi algo a me tocar, seriam as pernas dela? Olhando para conferir, era um animal extremamente estranho e viscoso. Para mim parecia ser mais um peixe nojento qualquer. Mal sabia eu que estava prestes a perder minha vida por causa disto: uma jibóia!

Thalles morto, sua irmã ficou desesperada. Ela sempre sonhou tão alto como nos contos de fadas, que um beijo pode salvar uma vida, mas estamos no mundo real, coisas assim acontecem somente por milagres e raramente. A Rudy o beijou intensamente com muitas esperanças de vê-lo acordar, mas isso não aconteceu.

De: Luiza Estefano e Gustavo Oliveira